Escolhi a carreira de tecnologia da informação numa época em que computação, como era conhecida, era a carreira do momento e, segundo as informações que eu tinha, bastava gostar de matemática.
Mas não demorou muito para perder a motivação e se tornar só obrigação. Aprendi que precisava muito mais do que ter familiaridade com a matemática e com lógica, precisava ter autocontrole, submissão, tolerância, ânimo, insistência, e mais algumas coisas que só descobri muito tempo depois.
Assistindo uma palestra de um headhunter para pais de alunos do ensino médio, há alguns anos atrás, ouvi a seguinte afirmação: mais de 35% dos estudantes desistem da carreira ainda no início do curso. Em 40% dos casos são carreiras que eram sonhos de infância, como medicina, por exemplo. E isto me causou um grande impacto.
Estávamos em uma escola em que o nível social permitia a desistência de um curso universitário, sem pesar na situação financeira da família.
Existe Melhor Momento?
Vejo hoje, jovens saindo da universidade e encontrando um cenário bem dramático. Além da dificuldade de entrar no mercado de trabalho, muitos já estão frustrados com a carreira escolhida, mesmo antes de começar a atuar.
No meu caso foi diferente, levei meu curso até o final, e não tive tempo de pensar se era a melhor opção. Só depois de algum tempo atuando na área é que comecei a identificar sinais de que algo não estava bem.
Tinha adquirido uma posição confortável e estava realizada com a estabilidade alcançada. Por este motivo a necessidade de mudança não estava muito clara.
Apesar da demora em identificar o que estava acontecendo, comecei a procurar ajuda, mas no fundo eu tinha em mente que não existia esta possibilidade, pelo menos no curto prazo. E tive que conviver por anos nesta situação.
Só consegui dar vazão a ideia de fazer uma transição de carreira, no momento que a situação da empresa me obrigou. Ainda estava preparando o meu lado psicológico, e não me sentia pronta.
Comecei então a procurar opções que pudessem trazer satisfação e, usar o conhecimento que já tinha adquirido, tentando novas formas de me desenvolver e encontrar a realização profissional.
Transição mais flexível
Só agora vejo que uma mudança de carreira pode ser feita de forma menos radical. Temos muito mais informações disponíveis e mais facilidades de nos atualizar.
É preciso usar a criatividade, ser flexível, descobrir novas habilidades. É como dizem, sair fora da caixa e se redescobrir. Não adianta insistir sempre no mesmo ponto, é preciso às vezes saber “pivotar”, isto é, fazer uma grande mudança, o que é sinal de inteligência emocional.
Procurar orientações com mentores ou pessoas do meio é imprescindível, além de aprender a se relacionar bem com todas as pessoas fora do seu mundo.
Recomendo ter cuidado ao escolher as referências, existem de todos os tipos, e estas devem ser conhecedoras do assunto e estarem atualizadas. Vivemos num mundo onde tudo muda muito rápido e nem todos conseguem acompanhar.
Mas o principal é controlar a ansiedade e não ter pressa. Respeitar o seu tempo faz com que a mudança seja natural e benéfica, e ainda permite enxergar as novas possibilidades com mais clareza, aproveitando o que cada carreira ou emprego tem para ensinar.
E se permita errar, isto faz parte do crescimento. Qualquer obstáculo que encontrar deve servir de estímulo para acertar na próxima vez, e não para desistir.
Só não podemos é deixar o medo nos dominar. O texto abaixo tirado do livro Resiliência do autor Jose Carlos Pereira reforça a ideia.
“Assim, tenhamos cuidados com os medos, eles podem roubar os sonhos e enfraquecer a força interior, como diz uma expressão popular. O medo nos impede de agir e até reagir. O medo paralisa. São muitos os que, por medo, não arriscam, não ousam e por isso nunca obtém conquistas, ou se conquistam, conquistam muito pouco, simplesmente porque o medo os impede.” pag.86
Para conseguir identificar minha necessidade transição de carreira, usei a escrita como um processo de autoconhecimento. O resultado está quase pronto, e em breve irei divulgá-lo.