Minha Jornada da Heroína

Não foi difícil me situar em cada uma das fases da Jornada, e de forma resumida, me identifiquei com cada uma delas.

Agora o mais interessante foi descobrir a fase em que me encontro!

Separação do feminino

É quando rejeitamos o feminino em favor do masculino.

Identifico esta fase na época que dei o meu primeiro passo para início da minha carreira. Foi a entrada na faculdade, em um curso de Análise de Sistemas, sem saber se era minha vocação, ou preferência. E sem perceber que poderia estar fugindo da minha natureza feminina.

Quando me perguntava o motivo da minha escolha, em uma área tão nova e desconhecida na época, e com predominância masculina. Nem mesmo sabia explicar, mas me sentia privilegiada de ter entrado na faculdade em uma área aparentemente complexa, e ainda sem cursinho!

Estava dando início a um processo masculinização, e acreditava que isto seria uma ferramenta para ascensão profissional no ambiente corporativo, e aparentemente competitivo.

Identificação com o masculino

Não tinha interesse em áreas que necessitavam do lado criativo evoluído, e até o momento não imaginava que era capaz de desenvolvê-lo.

Imaginava um mundo com um forte predomínio do masculino, e onde eu poderia exercer minha liberdade.  

Estava colocando de lado minha intuição, e desperdiçando uma característica tão forte do feminino. E não tinha ideia o que isto poderia me custar.

Estrada das provações

Estava encantada com este cenário, e com a possibilidade de alcançar prestígio, cargos altos e um patrimônio financeiro relevante. Surgiam tarefas para desenvolver o ego, sentir o poder, atingir o sucesso, e passar por cima de todo mundo, se for necessário.

Era como se nada pudesse me atingir. Me sentia independente, e capaz de superar a inferioridade feminina. Acreditava que vivia numa sociedade onde havia perspectiva de crescimento do feminino.

Aos poucos fui construindo uma reputação mais próxima do masculino, e saindo do feminino, e com isto ganhando aplausos. Ter um companheiro não era suficiente para completar minha vida, eu esperava muito mais.

Encontrando benefício ilusório do sucesso

Me achava adulta, segura, independente, e com identidade no mundo corporativo, capaz de conseguir tudo que almejava, mas sem perceber que não existia sensibilidade, criatividade e até mesmo limite.

Demorei para identificar que este sucesso não era só meu, e sim de uma personagem que fui construindo.  Mas encontrei uma sociedade patriarcal, com uma forte busca pelo controle de si e dos outros, e uma relação desumana de perfeição

Não demorou muito para me sentir incomodada sempre que era obrigada a deixar minha família, em função do trabalho. Ficava deprimida e desmotivada, mas não sabia de onde vinha esta minha fonte de vitimização.

Achava que eu era a única a ter este sentimento, parecia ser uma punição, ou um castigo por não me adaptar com este o mundo masculino.

Estava vivendo um grande sacrifício para minha natureza, isto porque é muito difícil viver desconectada do nosso feminino. Era como se todos estivessem contra mim, e me sentia o tempo todo ameaçada.

Era o resultado do sucesso que construí, quando coloquei de lado minha natureza.

Despertar para sentimentos de aridez espiritual

Tinha alcançado tudo que me propus, mas com sacrifício, e comecei a sentir o mundo interior estranho, e mesmo oprimida, não sentia a fonte da minha vitimização.

Sentia falta de uma proteção maior e comecei a me afastar de todos que estavam a minha volta. Acreditada que se estivesse longe dos interesses gerais, poderia estar mais preservada.  

Nasce uma revolta com os padrões impostos, e aos poucos fui percebendo que este mundo não era meu. Sentia um mundo desumano, sem pudor, com muita malicia intencional. E cada vez mais, tinha dúvidas se valia a pena o sacrifício.

Iniciação e descida para a Deusa

Era acometida por uma tristeza, dor, e uma sensação de estar fora de foco. Sem direção, sem meta, e sem objetivo definido dentro deste mundo. E isto acabou tomando uma proporção muito grande com acontecimentos que tiraram toda a beleza deste mundo que parecia encantado.

Cada vez mais sentia que tudo que havia conquistado era muito frágil, poderia desmoronar a qualquer momento. Tinha necessidade de uma grande mudança, uma transição

Caí em si, e tudo que tinha conquistado, começa a perder valor, e no meio desta crise de identidade, que comecei a me reencontrar. Na verdade, é o encontro de novos valores positivos da feminilidade, que nos faz evoluir para uma nova fase.

E isto só acontece porque resgatamos os valores femininos que havíamos deixado para traz, mas agora em uma nova perspectiva.

Anseio de reconexão com o feminino

Este sentimento me acompanhou por um bom tempo. Tinha uma necessidade muito grande de reconectar com tudo que havia deixado de lado, e me desligar do mundo atual. Mas alguns elos nos impedem de fazer isto. E estive neste impasse por muito tempo.

Curando o rompimento entre mãe e filha

Esta reconexão acontece quando o lado feminino reascende o vínculo com a mãe. É uma conexão com a sabedoria corporal, e a recuperação a intuição e da criatividade.

Iniciei uma tarefa de recuperar partes descartadas ou esquecidas na separação do feminino original. Desenterrei Ideias antigas e sonhos deixados de lado, e iniciou a ideia de para outro universo. Não existe a intenção de voltar ao estilo de vida anterior, mas desejava um mundo novo.

Curar o masculino ferido

Identificar partes de si mesma, que ignoram nossa saúde física e mental, reascender sentimentos que recusam a aceitar nossos limites, que nos obrigam a resistir e nunca nos deixam descansar.

É a consciência dos aspectos positivos da natureza masculina, que nos ajudam a falar a verdade e reconhecer nossa autoridade. E adquirindo um olhar sem tanta negatividade, e retirando projeções nocivas sobre o homem.

Integração do masculino com o feminino

Isto significa recolher feridas, aceitá-las e deixar seguir. Transformar o feminino e o masculino numa relação saudável. Os conflitos permanecem, mas para ter uma consciência feminina, é preciso ter uma consciência masculina forte.

Quando a mulher lembra da sua essência, aceita e entende os dois lados da sua verdadeira natureza, encontra o equilíbrio e trabalha para manter este equilíbrio.

Para Murdock “A heroína deve se tornar uma guerreira espiritual. Isso exige que ela aprenda a delicada arte do equilíbrio e tenha paciência para a integração lenta e sutil dos aspectos femininos e masculinos de sua natureza.

Neste momento que percebemos que mesmo vivendo em uma sociedade patriarcal e machista, conseguimos encontrar uma força interna e nos tornarmos a nossa melhor versão.

“Tudo é possível para as mulheres quando encontramos nossa voz, honramos nossa identidade, batalhamos juntas por um objetivo comum e permanecemos de braços abertos aos céus, como a antiga deusa mãe, numa postura de orgulho e reconhecimento da sacralidade do feminino.” – Maureen Murdock

Esta evolução responsável aconteceu quando reencontrei minha espiritualidade e me fortaleci como ser humano. Percebi que não existe mais o certo e o errado, e sim o que se deseja.   

E este reencontro só aconteceu quando tive a oportunidade de me desligar do mundo corporativo, e isto só foi possível com a minha demissão. Não posso dizer que foi a melhor coisa de aconteceu, mas tentei tirar o melhor proveito da situação, e sem saber estava descobrindo um novo caminho.

Para saber mais sobre como cheguei nesta jornada leia o artigo Como resgatei minha Jornada da Heroina

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