O que dizem as pesquisas sobre a colocação no mercado
No mês internacional da Mulher, a divulgação de inúmeros estudos e pesquisas demonstraram, nas mais diversas áreas, as conquistas e a verdadeira posição da mulher no mercado de trabalho, e revelaram que a discriminação e o preconceito ainda existem e de forma significativa.
Um estudo indica que as Mulheres precisam trabalhar 91 dias a mais para ganharem o mesmo salário anual de um homem, e se continuar neste mesmo ritmo, como ocorreu entre 1960 e 2016, as mulheres só ganharão o equivalente aos homens em 2059.
Ao mesmo tempo que um estudo do INSPER demonstra que a desigualdade salarial impacta diretamente na diminuição da renda per capita e no menor crescimento do PIB. Isto porque esta diferença afeta não somente o salário, mas também a educação, a presença no mercado de trabalho e também o afastamento de cargos ocupacionais.
Um novo estudo da Consultoria McKinsey constata que empregar mulheres em cargo de liderança aumenta o desempenho financeiro em até 21% acima da média. O artigo Pesquisa comprova que empresas com mulheres na liderança lucram mais descreve bem está situação.
Outra informação bastante relevante foi o fato de que estamos num país onde existe uma grande escassez de profissionais qualificados, e cada vez que uma mulher é menos valorizada no mercado de trabalho, há uma perda significativa de talentos, como revela o texto, O Valor de uma mulher no mercado de trabalho.
Até mesmo quando as mulheres estudam mais a desigualdade salarial é evidente, conforme demonstra um estudo “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgado pelo IBGE.
É possível constatar nas pesquisas que a falta de oportunidade e reconhecimento ainda existem, mas muitas vezes do forma dissimulada.
Não tenho intensão de ser igual aos homens, mas o que precisamos mesmo é ter as mesmas oportunidades e mostrar que podemos ter o mesmo desempenho, ou até melhor em algumas situações.
Para mostrar que é possível chegar lá, selecionei algumas mulheres inspiradoras e que apontam como encontrar um diferencial para se destacar na carreira. Usei como base a série “Trajetórias” de Maria Tereza Gomes.
O que Dizem as Notáveis
Foco, disciplina, ambição e entrega de resultados
O primeiro exemplo que merece destaque é o de Tania Cosentino, South America Zone President and Member of Women Advisory Board at Schneider Electric, com sua longa jornada e luta pelo empoderamento feminino.
Tania Cosentino, destaca que as coisas não acontecem por acaso, é necessário ter foco, disciplina e ambição, mas principalmente entregar resultado. Sem trabalho duro as coisas não acontecem. Você deve ir atrás do seu sonho, comunicar as pessoas que estão ao seu redor, buscar um mentor, e não deixar de expressar suas ambições.
Mulheres acham que tem que trabalhar dez vezes mais que o homem para as coisas acontecerem, segundo Tania, isto é um preconceito que criamos. Os líderes não estão atentos a todos movimentos da companhia, e não sabem quem quer subir na organização, quem quer a próxima vaga disponível, e quem quer aumento salarial. Um chefe pode até ver os funcionários excepcionais, mas não está atendo a todos, por este motivo você precisa mostrar o seu interesse e provocar o RH.
No texto Um chamado para Ação ela descreve um pouco da sua trajetória.
Observar e depois reagir
Regina Navarro, ex-CEO da Johnson & Johnson Medical, destaca o fato das mulheres serem mais reativas e reagirem mais prontamente, mas deveriam parar e pensar antes de ter uma reação. É fundamental observar bem e somente depois reagir.
Cita que quando entrou na empresa, na área técnica, encontrou um ambiente predominantemente masculino, principalmente na liderança. E viu que não tinha muitas chances de crescer. Poucas mulheres chegavam a posição de supervisora, e quase nenhuma a gerência ou diretoria. Era um funil muito grande, e neste momento ser racional foi o diferencial, e com a ajuda dos superiores decidiu sair da área técnica, e foi assim que sua carreira realmente deslanchou.
Atualização constante, nunca deixe de aprender
Debora Vieitas, primeira mulher a assumir o cargo de CEO da Amcham, lembra que a mulher está cada vez mais presente na renda familiar, melhorando o padrão de vida da família, e isto não pode ser ignorado.
Debora diz nunca ter sido privada de oportunidades profissionais, mas acredita que a razão vinculada a isto, é o fato de sempre assumir responsabilidades embutidas na função, e não esperar que isto viesse na forma de tarefa.
Um consenso entre todas é a necessidade de atualização constante. Se antigamente estudar e se preparar era um investimento importante, hoje é crítico.
Segundo Marilia Rocca, Diretora Geral Ticket – Grupo Edenred, um MBA é a forma mais bem organizada e rápida de ter vivência no mundo dos negócios. Você vive em um mundo cercado de professores inteligentes, com pessoas inteligentes, debatendo temas atuais e conhecendo coisas novas.
Marilia define carreira como uma junção de oportunidades daquilo que você pode oferecer, às vezes de forma remunerada. Carreira não é necessariamente uma série de cargos que você coleciona, mas um caminho de contribuições que você faz. As ideias vão evoluindo e você vai aparecendo para novas oportunidades.
Influência da família sobre sua autoestima
Quando recebemos uma educação muito tradicional, ou assumimos responsabilidades, sentimos a obrigação de abaixar a cabeça em alguns momentos, onde o certo seria questionar. A geração atual é menos submissa, quando se trata do mundo corporativo, o que pode ser resultado de uma educação mais desafiadora e que expressa maior confiança em suas ações e opiniões. Esta é uma conquista valiosa, sem esquecer que é preciso agir com cuidado, é o “Pensar antes de agir”.
E o que podemos concluir
Com base na experiência destas admiráveis mulheres podemos concluir que existem competências que são fundamentais em qualquer carreira, mesmo quando não se almeja cargos altos, como:
- Reputação;
- Adaptabilidade;
- Agregar valor à equipe;
- Foco;
- Disciplina;
- Entrega de resultados;
- Ambição;
- Nunca deixar de aprender;
- Assumir responsabilidades embutidas;
- Provocar o RH.
Mas existem algumas que merecem uma atenção especial das mulheres como:
- Ser racional;
- Maior confiança em suas ações e opiniões;
- Observar e pensar bem antes de agir.
As mulheres costumam ser mais exigentes que os homens, e mesmo estando tão bem preparadas como eles, temem se candidatar a altos cargos. São mais tímidas, o que também as impede de promover suas conquistas.
A minha experiência, me permite constatar que existe uma grande diferença de trabalhar em uma “Empresa de Verdade”, onde chefes e superiores entendem e apoiam as decisões de seus funcionários, e em alguns momentos até atuam como mentores, orientando e auxiliando no crescimento profissional dos colaboradores.
Convivi com a falta de reconhecimento por muitos anos, e mesmo me empenhando para oportunidades que surgiam, dificilmente era indicada. Era uma espécie de “ainda não chegou o seu momento”, e tinha que aceitar e conviver com as escolhas internas que eram feitas.
Muitas vezes carreguei a culpa por não ser reconhecida e não surgirem oportunidades. Existe aquela frase que diz, a oportunidade é você quem cria, mas nem sempre é possível criar as oportunidades, e nem por este motivo deve se sentir incompetente.
E você também tem uma história ou uma experiência para nos contar? Lembrem-se ela pode servir de inspiração para alguém!