Quando comecei a escrever, não tinha a ideia se estes textos seriam transformados num livro, mas tinha uma necessidade muito grande de mostrar o outro lado do mundo corporativo, mostrar como são difíceis as relações entre chefes e subordinados, e entre colegas de trabalho. E que nem tudo é o que parece.
Relatar situações improváveis e desmedidas, algumas até patéticas, e comportamentos cruéis, daqueles que querem conquistar posições e mostrar poder a qualquer custo, esquecendo o ser humano e visando lucro.
Destacar o grande desafio que é aprender a lidar e conquistar pessoas. Mostrar o sentimento de impotência que predomina, em qualquer posição que você ocupe.
Tentei expor, de forma despretensiosa, que ser mulher no mundo corporativo, ainda é um desafio, e o que somos obrigadas a aceitar muita coisa que não concordamos, para conseguir sobreviver num mundo machista.
Descrevi acontecimentos normais dentro de uma empresa, na visão de uma mulher que possui ambições e poucas oportunidades. Não há nada teórico ou científico nos relatos, são fatos que ocorreram e me afetaram de alguma forma, positiva ou negativa.
Mas nem sempre foi o que aconteceu!
Depois de algum tempo distante deste clima opressivo, consegui entender melhor as situações e analisar ações e comportamentos por outro prima. Não que eles deixaram de ser cruéis, mas como é possível tirar proveito de tudo isto.
Entender como episódios dramáticos podem nos dar grandes lições de vida, que o crescimento maior se dá no sofrimento, e que o tempo é o melhor professor que existe.
Faço também uma síntese de como surgiu a ideia de escrever um livro, quais as fases e dificuldades que encontrei, e como superei tudo isto. Como a escrita pode ser transformadora e resultar num excelente processo de autoconhecimento.
O que aprendi com tudo isto
Hoje vejo claramente que não é possível viver trinta anos dentro de uma mesma empresa e estar infeliz o tempo todo. Tive muitos momentos de aprendizado e realização, mas nunca estamos satisfeitos com o que temos, e somente depois que perdemos, é possível entender o quanto tudo foi importante.
A escrita me fez compreender melhor como as coisas acontecem vendo de outro prisma, foi um verdadeiro processo de autoconhecimento.
Relacionei alguns itens que fazem parte do meu aprendizado fora do ambiente corporativo, mas seriam muito uteis se tivesse descoberto antes.
- É preciso ter sempre um propósito. As lideranças têm propósito, e o liderado também precisa ter, e estes precisam estar alinhados, entre empresa e profissional para ambos terem sucesso.
- Identificar as oportunidades e, tentar aproveitar assim que elas surgem. Nunca ficar esperando o melhor momento para pôr em prática, pode ser que esta seja a última chance. Tenha em mente que nunca estaremos totalmente prontos, é preciso ir em frente mesmo sem ter a toda convicção.
- Não desperdice nenhuma grande oportunidade, mesmo quenão esteja na área do seu interesse, pense que no futuro isto poderá ser útil, e será o seu diferencial.
- As empresas conhecem seu talento e sua capacidade, mas não reconhecem publicamente. Isto vai te deixar muito insatisfeito até o ponto de você pensar em sair. Neste momento surge uma contraproposta, e aí você tem duas alternativas, assumir as rédeas da sua carreira e voar alto, ou colocar seus talentos debaixo da mesa e aceitar um salário melhor.
- Acredite, nem sempre você terá uma escolha, as vezes a situação nos obriga a aceitar tudo. Mas o importante é nunca se acomodar.
“Não siga sua paixão, siga seu talento” Scott Galloway
- Esta frase pode ser difícil de entender, mas é muito verdadeira. Principalmente quando você é jovem e está no início da carreira, e imagina que só será feliz se trabalhar em algo que tem paixão. Isto é verdade, mas todo trabalho tem tarefas difíceis e algumas nem tanto prazerosas, e você vai ficar entediado mesmo se dedicando a sua paixão.
Mas se você trabalhar com algo que tem talento, quando os resultados aparecem você vai se apaixonar pelo que faz. A realização sobrepõe a paixão.
Em vários momentos de minha vida profissional, fui alocada para projetos ou áreas que não eram do meu interesse, mas apresentava bom desempenho, e muitas vezes acabei gostando das mudanças.
- Ninguém está isento de sofrimento temos que aprender a lidar com as perdas. Não é somente nas vitórias que vocês ganham, nas derrotas também se aprende muito, e é importante perceber isto. As vezes a derrota nos deixa cegos e surdos, e é preciso ter cuidado com as atitudes.
- Estamos sempre buscando a perfeição, e é claro que nem sempre conseguimos, e isto pode gerar uma grande frustração. Demorei muito para perceber o quanto ser perfeccionista pode retardar o crescimento. Compreendi que podemos prestar um serviço de qualidade, sem ficar correndo atrás da perfeição.
- Para continuar crescendo e alcançar seus objetivos, é preciso muito mais do que ser perfeito, é preciso de coragem para enfrentar dificuldades e não desistir por qualquer obstáculo que aparecer.
- Muitas vezes deixamos de agir com medo da crítica e do julgamento dos outros, mas o tempo e a experiência podem nos mostrar que, errar faz parte do processo de aprendizagem, e que isto irá nos permitir sermos cada vez melhores.
- Ter sempre em mente o que você quer. Isto deve estar bem claro, e não esqueça de acreditar e investir em você.
- Eu sempre imaginei que não era preciso ficar me expondo para os superiores, porque um bom profissional sempre é notado. E acabava perdendo espaço para outros profissionais, que sabiam fazer bem o seu marketing, e nem sempre eram tão eficientes. As vezes achava que isto era perseguição, até descobrir que também ocorria com outros profissionais que tinham o mesmo perfil que eu.
- Você tem que assumir o comando da sua carreira. Nunca deixe de fazer seu marketing, investir na sua marca pessoal, mas sem ser chato. Procurar conselheiros ou mentores que se identifiquem com você e com seu propósito, que entendam suas dificuldades e onde você quer chegar.
Um bom mentor não precisa ser um CEO de uma grande empresa, este será sua inspiração. O mentor deve ser uma pessoa que está próxima de você, que também errou muito e aprendeu com os erros. Dica: Você pode encontrar mentores em todos os níveis, e nos mais diversos segmentos.
Certa vez, assistindo uma palestra de uma CEO de uma grande empresa, lembro bem dela citar que devemos fazer acesso ao RH, e deixar claro seus interesses. Isto porque nem todos dentro da empresa sabem onde você quer chegar, mas nem todas as empresas têm um RH atuante, às vezes eles não têm nenhum poder, e neste tipo de organização o crescimento dentro de empresa não é através de um RH, e é bem mais difícil.
- Olhe com frequência para os lados, veja se há outras possibilidades, você pode identificar novos segmentos dentro da sua área, que combine melhor com você, e possa até trazer mais satisfação. A ideia de ter sempre um segundo plano e atacar vários segmentos diferentes pode ser muito mais interessante do que parece.
Temos hoje a facilidade de mostrar todo nosso potencial nas redes sociais profissionais, criar conteúdo relevante, esteja presente e atualizado. Isto pode ser um diferencial.
Invista na criação da sua marca pessoal, mesmo antes de sentir a necessidade. Este é um processo lento e trabalhoso, e não conseguimos resultados em um curto espaço de tempo. Você pode vestir a camisa da sua empresa, sem esquecer de vestir também a sua camisa.
- Lembrar sempre que o poder da leitura é indiscutível. Ela é fundamental para o desenvolvimento das habilidades cognitivas, emocionais e sociais do ser humano, e isto impacta diretamente na sua carreira. E o seu desenvolvimento profissional não depende somente da leitura de manuais técnicos, é preciso ir além.
“Os livros permitem que você tenha uma experiência muito mais profunda que a mídia oferece hoje em dia”. “Mark Zuckerberg, CEO do Facebook
Para entender mais sobre minha história e como foi minha trajetória, segue o link do livro na Amazon: Uma Visão do Mundo Corporativo – Como sobreviver num mundo que parece não ser seu”– https://amzn.to/3phfZLE
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Artigo publicado inicialmente em https://www.linkedin.com/pulse/o-que-aprendi-e-quero-compartilhar-fatima-tada/