Voltando a Paris com a Emily

“Se você quando jovem teve a sorte de viver em Paris, a lembrança o acompanhará pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa ambulante”

(Ernest Hemingway)

Tenho a felicidade de conhecer Paris, e assistindo a série Emily em Paris iniciei uma viagem de volta a esta inesquecível cidade, revivendo tudo que vi e aprendi por lá!

Mesmo com todas as críticas que a série vem recebendo, em relação ao fato de estereotipar os parisienses, não há como não lembrar dos encantos que a cidade oferece. Tive a sorte de visitá-la mais de uma vez, e me apaixonar cada vez mais.

Não há dúvidas que Paris é a cidade mais romântica do mundo, mas não é só isto, basta conhecê-la com mais intensidade e profundidade para ver muito mais que romantismo.

Como vejo os Franceses

Os franceses não são hoje mais tão arrogantes, como há 30 anos atrás, quando fui a Paris pela primeira vez, achei que estão bem educados e simpáticos. Tudo depende de como são tratados, como em qualquer outro lugar do mundo. Se iniciar a frase com um simples “Bonjour”, já te olham com outros olhos, mesmo que você continue a conversa em inglês.

Eles têm um “joie de vivre” (alegria de viver), que é a capacidade de perceber a vida de maneira positiva. E assim como é mostrado na série, eles “não vivem para trabalhar e sim trabalham para viver”.  Eles comem bem, fazem atividade física, mas fumam muito!

Paris respira cultura, história e tradição

Quando estamos fazendo turismo a programação não nos permite viver Paris. Não há nada mais agradável que se sentar nas mesinhas em frente aos cafés, enfileiradas pelas calçadas, com todas as cadeiras voltadas para a rua, e tomar um café com Croissant ou Pain au Chocolat. Ou então apreciar os inúmeros jardins lendo e escutando as crianças brincando, sem nenhuma obrigação, sem olhar o relógio, somente para sentir o lugar.

Café com croissant e geleia
Café com Croissant e Geleia

Estive hospedada em um hotel próximo da Sorbonne Université (Universidade de Sorbonne) e da Faculte de Droit. E caminhar entre os estudantes, frequentar os cafés onde eles se reuniam, me fez sentir a própria universitária, só faltou o notebook aberto em cima da mesa para completar o cenário.

As livrarias históricas como a Shakespeare and Company, são um verdadeiro delírio para os apaixonados pela leitura. Localizada em Saint-Germain-des-Prés, conhecido bairro dos intelectuais e frequentada por estudantes e viajantes. Além de livros novos généralistes” e usados “d’occasion“, é possível encontrar máquinas de escrever antigas e almofadas para desfrutar o local. E para meu espanto, na época que estive lá, poucos usavam um e-Reader ou um Tablet, eles assim como eu, apreciam livros em papel!

Museus para todos os gostos: apaixonados por história, arte e arquitetura

Panoramica do Museu do Louvre
Panoramica do Museu do Louvre

Paris tem uma infinidade de museus. Porém, os turistas, muitas vezes, visitam somente os mais famosos como Musée du Louvre, que está sempre lotado, e deixando de lado lugares igualmente importantes e cheios de obras-primas como o Musée Rodin, que exibe obras do escultor francês Auguste Rodin, é menor e um dos mais bonitos museus de Paris, e quase sempre sem multidões.

Adoro o Centre Georges Pompidou, chamado de Beaubourg pelos parisienses, trata-se de um dos maiores museus de arte moderna e contemporânea do mundo. É uma das obras mais icônicas da arquitetura, e por muitos anos, foi alvo de críticas devido ao estilo moderno e provocador, bem diferente dos arredores do bairro.

Alguns Bairros Pitorescos

Montmatre, tem uma atmosfera mágica, é fácil se sentir nos anos vinte, onde circulavam grandes nomes da arte e literatura, como Picasso, Hemingway, Dali. Inclusive nossa Tarsila do Amaral morou lá. A Place Dalila, que é um charme, foi utilizada para a propaganda de lençóis que a Emily organizou, colocando uma cama na rua!

No Quartier Latin a boemia é bem intelectualizada, Jorge Amado e Zélia Gattai viveram lá no período que residiam na França. Era onde se reuniam com os amigos intelectuais e artistas como Jean-Paul Sartre, Pablo Picasso, Pablo Neruda entre outros. Sem esquecer que é onde está localizada a residência da protagonista da série.

Ruas estreitas com paralelepipedos
Ruas estreitas e com paralelepipedos

São ruas estreitas e com paralelepípedos, nada tira seu encantamento, mas andar com um salto agulha, como aquele usado pela Emily na série, é bem difícil. Andávamos o tempo todo a pé, só as vezes de metrô ou trem, mas quase nunca taxi ou Uber, porque o trânsito é bem intenso. Como a cidade é plana, com exceção de Montmatre que é uma colina, anda-se bem de bicicleta. É comum encontrá-las estacionadas por todos os lados, além dos vários pontos para aluguel, acessível com o cartão de crédito. 

Os Jardins que encantam

Paris não é só a Torre Eiffel, que é deslumbrante durante o dia ou à noite com toda aquela imponente estrutura de ferro, e que deve encantar até hoje os mais antigos moradores. Ou então o ilustre Musée du Louvre que é um dos maiores e o mais visitado museu do mundo. Mas ambos vivem lotado, e para fugir deste movimento nada como os jardins de Paris.

Lago no Jardim de Luxembourg
Lago no Jardim de Luxembourg

Como estive lá no outono, que segundo os Parisienses, tem um friozinho gostoso, mas nada agradável para mim, tive o prazer de passear pelo Jardin Du Luxembourg numa época que acredito estar mais bonito. A combinação de canteiros, esculturas, fontes parece uma pintura. É um verdadeiro museu a céu aberto, sem esquecer a paz e a tranquilidade que transmite.  

Outro jardim que é um verdadeiro oásis de paz, é o Jardin de Palais Royal, que fica ao lado do Musée du Louvre, e muitas vezes passa despercebido pelos turistas. Adoro as charmosas lojinhas nada comuns como a de vestidos vintage, cachimbos e caixinhas de música. Os bancos do jardim possuem citações de livros, nada mais marcante para os amantes da literatura.

Apesar de um pouco mais distante, mas inesquecível, os Jardins do Palácio de Versailles, tinham como função principal impressionar os visitantes, e mostrar através das suas fontes e estátuas, a grandiosidade da França e do seu rei. Não dá para duvidar que conseguiam.

Turismo católico na França

A França tem uma história muito forte com o catolicismo. Ela foi a primeira nação a se converter, e por este motivo encontramos inúmeras igrejas em todos os lugares que passamos.

A mais visitada é, sem dúvida a Cathédrale Notre-Dame de Paris (Catedral deNotre-Dame). Em estilo gótico é uma das mais antigas e famosas da França, e mesmo depois de ter sido parcialmente destruída no trágico incêndio, continua encantadora.

Mas, na minha opinião, a igreja mais bonita da França está situada na Île de la Cité, bem perto da Catedral de Notre-Dame, é a Sainte-Chapelle, com seus monumentais vitrais azuis, e que muitas vezes não é notada pelos turistas.  

Também em Montmatre está a basilique du Sacré-Cœur (Basílica do Sagrado Coração) Situada no alto da colina possibilita, no topo das suas escadarias, uma vista imperdível do pôr do sol.

E sem esquecer, a Chapelle Notre-Dame de la Médaille Miraculeuse (Capela da Medalha Milagrosa), um lugar bastante visitado por brasileiros, que além das famosas medalhinhas é possível comprar os cartões abençoados.

Comércio requintado

Estava em Paris no feriado do Armistício (11 de novembro), e conseguimos caminhar pela Place de la Concorde, ver seu incrível relógio, andar pela Champs-Elysées, e chegar até o Arco do Triunfo, sem trânsito, somente pedestres. E apesar de ser uma das avenidas mais conhecidas do mundo, com suas lojas de grife, não é a mais chique. Ela perde para a Avenue Montaigne, onde fica o badalado hotel Hotel Plaza Athéneé, que é o hotel onde estava hospedada a atriz da série.

Galerias Lafayette - Cupula decorada para o Natal
Galerias Lafayette – Cupula decorada para o Natal

Num belíssimo prédio, as Galeries Lafayette, também fazem parte da história de Paris, e se tiver a sorte de pegar a decoração de Natal, fica ainda mais surpreendente. Seu terraço no último andar permite uma vista incrível da Tour Eiffel e do teto do Opéra de Paris.

Mas o centro do luxo parisiense concentra-se na Place Vendôme, onde estão as mais famosas joalherias do mundo e o Hotel Ritz, o hotel-palácio onde Coco Chanel passou os últimos anos de sua vida. Não foi desta vez, mas ainda terei o prazer de tomar um chá da tarde ou um aperitivo no famoso bar frequentado por Hemingway.

O Rio Sena e suas atrações

Rio Sena - durante o dia
Rio Sena – Durante o dia

Passear de barco no Rio Sena, jantar num Bateaux Mouches, apreciar suas pontes, ou caminhar nas suas margens é indescritível. A Pont Alexandre III, não é só a ponte mais bonita, mas é um dos pontos turísticos mais notáveis de Paris. É considerada a ponte mais extravagante por suas esculturas de cavalos alados revestidas com folhas de ouro e querubins. Foi nesta ponte que desfilou a modelo nua na série citada.

Competindo em beleza com a Pont Alexandre III a Pont Nuef, é a mais antiga existente em Paris. Com sua elegância e romantismo é comum aparecer em cenas de filmes.

Já mais discreta, a Pont des Arts, era conhecida antigamente como a ponte dos cadeados. Ela perdeu o encanto dos cadeados, por estarem abalando sua estrutura, mas continua perfeita para ver o pôr do sol, e ainda faz parte da rota de corrida da Emily.

Ponte-Rio-Sena_noite
Ponte sobre o Rio Sena – Noite

Não dá para esquecer o luxo e o erotismo dos Cabarés. Conheci o Moulin Rouge, o Lido de Paris, e o Crazy Horse, mas não é o tipo de espetáculo que me seduz. Saí um pouco incomodada do Crazy Horse, mas é marca registrada e fazem parte das atrações de Paris.

Uma gastronomia que seduz

Sem falar na gastronomia, que é preciso um capítulo à parte. Não sou uma eximia gourmet, mas as patisseri levavam o meu marido ao delírio!

É um desfile de Boulangeries, Brasserie, Creperie, Cafeterie, Patisseri e Bistrôs. Alguns apertadíssimos, mas todos muito aconchegantes. Encerrar o dia com um chá de ervas e alguns macarons no salão de chá da Ladurée, é maravilhoso.

Tudo é tão incrível que até um simples sanduiche de queijo Camembert e alface, em uma barraquinha na entrada do Jardin dês Tuileries, é inesquecível. Acho que é a combinação do sabor e da paisagem, são de enlouquecer!

Voltando a série

Emily Cooper chegou em Paris sem saber falar uma só palavra em francês, e mostrando uma felicidade enorme de estar morando e trabalhando em Paris. Ela foi designada a modernizar a estratégia de marketing da empresa nas redes sociais, mas por mais competente que ela seja, acredito que é quase impossível conseguir aumentar de 48 seguidores para 20 mil, com uma única selfie e quase sem conteúdo, e chegar a milhões de seguidores em tão pouco tempo.

Com um figurino icônico, ou até exagerado na minha opinião, claro, ela se destacava das francesas que são mais elegantes e discretas, não usam muita maquiagem, preferem uma pele mais natural, bem limpa e conservada.

Mas apesar destas particularidades, a serie conseguiu me levar de volta a Paris, e viver um sonho que hoje, diante das atuais circunstâncias que vivemos, não seria possível.

Conclusão

Tentei contar um pouquinho do que conheci e me apaixonei em Paris, mas acabei me estendendo um pouco, não tinha a intenção, queria somente lembrar de alguns pontos que a série me trouxe de volta, mas é tanta coisa para contar que fica impossível quando se fala de Paris.

E você que já esteve em Paris ou que ainda não conhece, mas faz planos para conhecer, me conte. O que mais te atrai nesta cidade?

Se você gostou, veja o que mais me atraiu em Vancouver, Columbia Britanica.

Referências

Livros indicados:

Diário de Viagens – Vivendo em Paris – Moema Rodrigues

Guia do turista Brasileiro – Paris de Lucio Martins Rodrigues e Bebel Enge

Sites consultados:

Conexão Paris

Direto de Paris

Gigi em Paris

Bene Vale

Youtube:     

Vivendo em Paris

Fotografo Brasileiro em Paris

8 ideias sobre “Voltando a Paris com a Emily

  • Já estive várias vezes em Paris e gostei muito, mas o que mais me atrai na França são suas cidadezinhas do interior! Cada uma mais linda que a outra e a população é bem mais sociável. O Parisiense é educado para quem é educado, mas é mais estressado, como a maioria dos habitantes de grandes cidades. Gosto muito dos museus Guimet e Carnavallet.

  • Não conheço muitas cidadezinhas, ainda, espero ter a oportunidade. Quanto aos museus, também só conheço os mais famosos, mas sei que sempre existem outros muito interessantes e pouco divulgados. Obrigada pelo comentário e pelas dicas.

  • Paris é linda. Seu olhar veio de encontro ao que senti ao caminhar por lá. Sainte-Chapelle, Opéra de Paris e Madeleine são inesquecíveis, trazem boas recordações, de momentos ímpares leves e que me tocaram fundo. Agradeço por este momento.

  • Seu texto retrata perfeitamente não apenas os detalhes da cidade, como também a sensação de se deparar com cada um desses locais. Tomar a deliciosa série Emily em Paris como oportunidade para esse relato foi sensacional. Agradeço por nos fazer viajar em pensamento! Ao menos assim, por enquanto!

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